Viver
Natal, 11 de Dezembro de 2009 | Atualizado às 10:03Fim de festa
Publicação: 10 de Dezembro de 2009 às 00:00
Michelle Ferret - Repórter
“Tenho a sensação de um aborto”, descreveu o ator e professor de artes cênicas Jonas Sales ao receber a notícia de que a Festa do Menino Deus (auto de natal promovido pela Fundação José Augusto) não aconteceria mais. Depois de seis meses de produção e quase dois de trabalhos cênicos diários, a Fundação José Augusto precisou interromper a festa alegando falta de verba.
A notícia veio através do próprio diretor da Fundação José Augusto, Crispiniano Neto, que na tarde da última terça-feira foi até o ensaio explicar o que havia acontecido. “O orçamento do espetáculo era de R$ 500 mil reais e entramos com a solicitação de recursos ao conselho de desenvolvimento do Estado pois não tínhamos mais verba na Fundação e o pedido nos foi negado. Não posso fazer julgamento de valor, me cabe apenas dizer que não foi liberado. Esse é um reflexo da dificuldade financeira que o Estado vem passando. Mas não é só aqui, isso está acontecendo em todo o Brasil e no mundo. E em cultura, infelizmente temos que lidar com isso. Se tira verba da cultura para suprir as necessidades das outras áreas como saúde e educação”, disse Crispiniano em entrevista ao VIVER.
A realidade também bateu na porta de outros projetos da cidade como o Seis e Meia que precisou ser interrompido em outubro. “Suspendemos o projeto de outubro, novembro e dezembro e estamos lutando para pagar o que devemos para os músicos”, disse Crispiniano.
A Fundação José Augusto teve em mãos este ano R$ 22 milhões, sendo R$ 18 milhões destinados a suprir custos internos do órgão. “Nossa luta é que seja concretizada a nova proposta no Governo Federal de implementar a lei de destinar 1,5% do orçamento da união para os estado. “Se for concretizado, passaremos de R$ 22 milhões para R$ 110 milhões de verba anual destinado a cultura do RN. Isso modificará completamente este quadro difícil que temos hoje. Aí sim poderemos planejar uma política cultural mais sólida. Ao contrário é a eterna mendicância, vamos mendigar recursos a vida inteira. Isso é massacrante, é cruel”, desabafa.
Além de gestor, Crispiniano é também autor de textos literários e diz sentir a mesma perda de Jonas (o ator citado no início da matéria). “Ontem, conversando com os atores, eu senti a mesma estranheza de quando há 4 meses eu ouvi que o Auto da Liberdade de Mossoró não seria concretizado. Eu, como autor do auto, fiquei perplexo. Posso dizer que dar essa notícia aos atores ontem foi o dia mais triste da minha gestão”, completou.
Encaixotando os figurinos
O bater do martelo anunciando o cancelamento de um espetáculo reflete em um conjunto de desilusões e desconstruções. Não só o tempo gasto com os ensaios e a construção de um personagem, mas o todo que isso envolve. “Isso fere a classe artística inteira. É muito triste ver pessoas que iniciaram agora na arte e se sentem frustradas. O espetáculo educa artista, educa público e foi muito frustrante ver aquelas pessoas tristes, chorando por isso. Foi uma das perdas mais comoventes de minha vida enquanto artista e isso inclui fortemente ver a cena dos atores, bailarinos e quadrilheiros desiludidos”, disse Jonas Sales.
Segundo João Marcelino, diretor do espetáculo, estavam envolvidos 150 artistas entre atores, cantores, quadrilheiros, técnicos, contra regras, criadores de imagem, produtores e figurinistas. “Estavam trabalhando Haroldo Maranhão na construção e desenho do cenário, Racine Santos na assinatura do texto e Danilo Guanais na construção musical. O projeto começou há seis meses. Desde a conversa com Danilo Guanais e o tempo longo para trabalhar a música, até a construção do próprio Racine e as mudanças no texto. É um processo muito intenso. Além disso, os figurinos, mais de 30 desenhados e aquarelados estão todos prontos. Quando a gente chega na parte do ator tudo isso já está levantado. E com a força de todos, Wanie Rose coreografando, a gente trabalha a tal ponto que estávamos com tudo pronto, incluindo aí adereços e figurinos”, contou João Marcelino.
Trabalho dos técnicos
Dentro dos 150 artistas estavam cinco pólos de quadrilhas estilizadas e os artistas pessoal do Circo Grock, além de atores de diferentes cidades do Rio Grande do Norte na intenção de “descentralizar” a arte. “Vieram artistas de Currais Novos, artistas de Mossoró e de outras partes, envolvendo o Estado”, disse Marcelino.
Ao todo, seriam cinco apresentações no Largo Dom Bosco que aconteceriam entre os dias 26 a 30 de dezembro. “Fizemos a escolha das datas para que não houvesse choque na programação com os outros autos”, disse João Marcelino.
Crispiniano Neto informou que a Fundação José Augusto está estudando uma forma tentar ressarcir as perdas causadas para os atores e todos os envolvidos na produção.
“Tenho a sensação de um aborto”, descreveu o ator e professor de artes cênicas Jonas Sales ao receber a notícia de que a Festa do Menino Deus (auto de natal promovido pela Fundação José Augusto) não aconteceria mais. Depois de seis meses de produção e quase dois de trabalhos cênicos diários, a Fundação José Augusto precisou interromper a festa alegando falta de verba.
AnchietaEspetáculo Auto do Menino Deus, do ´ governo do Estado, criado há dois anos para substituir “Um Presente de Natal”, foi cancelado por falta de verba
Jonas, assim como os mais de 150 artistas que participavam da preparação da Festa, sentiram na pele a ausência de uma política cultural sólida e planejada. “A partir do momento que um governo desmonta um espetáculo quando está prestes a estrear, a sensação é essa, de perda, de desolamento. Estamos desolados enquanto artistas”, desabafou Jonas.A notícia veio através do próprio diretor da Fundação José Augusto, Crispiniano Neto, que na tarde da última terça-feira foi até o ensaio explicar o que havia acontecido. “O orçamento do espetáculo era de R$ 500 mil reais e entramos com a solicitação de recursos ao conselho de desenvolvimento do Estado pois não tínhamos mais verba na Fundação e o pedido nos foi negado. Não posso fazer julgamento de valor, me cabe apenas dizer que não foi liberado. Esse é um reflexo da dificuldade financeira que o Estado vem passando. Mas não é só aqui, isso está acontecendo em todo o Brasil e no mundo. E em cultura, infelizmente temos que lidar com isso. Se tira verba da cultura para suprir as necessidades das outras áreas como saúde e educação”, disse Crispiniano em entrevista ao VIVER.
A realidade também bateu na porta de outros projetos da cidade como o Seis e Meia que precisou ser interrompido em outubro. “Suspendemos o projeto de outubro, novembro e dezembro e estamos lutando para pagar o que devemos para os músicos”, disse Crispiniano.
A Fundação José Augusto teve em mãos este ano R$ 22 milhões, sendo R$ 18 milhões destinados a suprir custos internos do órgão. “Nossa luta é que seja concretizada a nova proposta no Governo Federal de implementar a lei de destinar 1,5% do orçamento da união para os estado. “Se for concretizado, passaremos de R$ 22 milhões para R$ 110 milhões de verba anual destinado a cultura do RN. Isso modificará completamente este quadro difícil que temos hoje. Aí sim poderemos planejar uma política cultural mais sólida. Ao contrário é a eterna mendicância, vamos mendigar recursos a vida inteira. Isso é massacrante, é cruel”, desabafa.
Além de gestor, Crispiniano é também autor de textos literários e diz sentir a mesma perda de Jonas (o ator citado no início da matéria). “Ontem, conversando com os atores, eu senti a mesma estranheza de quando há 4 meses eu ouvi que o Auto da Liberdade de Mossoró não seria concretizado. Eu, como autor do auto, fiquei perplexo. Posso dizer que dar essa notícia aos atores ontem foi o dia mais triste da minha gestão”, completou.
Encaixotando os figurinos
O bater do martelo anunciando o cancelamento de um espetáculo reflete em um conjunto de desilusões e desconstruções. Não só o tempo gasto com os ensaios e a construção de um personagem, mas o todo que isso envolve. “Isso fere a classe artística inteira. É muito triste ver pessoas que iniciaram agora na arte e se sentem frustradas. O espetáculo educa artista, educa público e foi muito frustrante ver aquelas pessoas tristes, chorando por isso. Foi uma das perdas mais comoventes de minha vida enquanto artista e isso inclui fortemente ver a cena dos atores, bailarinos e quadrilheiros desiludidos”, disse Jonas Sales.
Segundo João Marcelino, diretor do espetáculo, estavam envolvidos 150 artistas entre atores, cantores, quadrilheiros, técnicos, contra regras, criadores de imagem, produtores e figurinistas. “Estavam trabalhando Haroldo Maranhão na construção e desenho do cenário, Racine Santos na assinatura do texto e Danilo Guanais na construção musical. O projeto começou há seis meses. Desde a conversa com Danilo Guanais e o tempo longo para trabalhar a música, até a construção do próprio Racine e as mudanças no texto. É um processo muito intenso. Além disso, os figurinos, mais de 30 desenhados e aquarelados estão todos prontos. Quando a gente chega na parte do ator tudo isso já está levantado. E com a força de todos, Wanie Rose coreografando, a gente trabalha a tal ponto que estávamos com tudo pronto, incluindo aí adereços e figurinos”, contou João Marcelino.
Trabalho dos técnicos
Dentro dos 150 artistas estavam cinco pólos de quadrilhas estilizadas e os artistas pessoal do Circo Grock, além de atores de diferentes cidades do Rio Grande do Norte na intenção de “descentralizar” a arte. “Vieram artistas de Currais Novos, artistas de Mossoró e de outras partes, envolvendo o Estado”, disse Marcelino.
Ao todo, seriam cinco apresentações no Largo Dom Bosco que aconteceriam entre os dias 26 a 30 de dezembro. “Fizemos a escolha das datas para que não houvesse choque na programação com os outros autos”, disse João Marcelino.
Crispiniano Neto informou que a Fundação José Augusto está estudando uma forma tentar ressarcir as perdas causadas para os atores e todos os envolvidos na produção.
comentários
- tiberiotrigueiro@...10/12/2009 @ 12h10
- Só lamentações e decepção com o quanto não se dar valor a arte e a cultura popular. Espetáculos dignos e assistir e aplaudir são raros em nossa cidade. Imagino que cultura para um povo carente de educação só resta muita cachaça e carnatal. Que pena.
- izancoelho@...10/12/2009 @ 11h08
- Os atores devem processar a fundaçao por danos morais.
- aclmusica@...10/12/2009 @ 10h17
- É triste, lamentável e vergonhoso. Uma falta de respeito com os artistas potiguares que dedicaram o seu tempo preparando o espetáculo, abrindo mão de outras atividades profissionais em prol deste projeto tão importante para a nossa cidade(julgo eu), onde vários turistas vem conhecer natal e sua cultura e quando chega aqui não temos nada para apresentar, sinceramente isso é um descaso com o povo norte-riograndense tb. A marca de um povo é a sua cultura!"Agente não quer só comida, agente quer comida, diversão e arte"
- tbdomingos@...10/12/2009 @ 12h51
- Fato lamentável. O cinismo é se afirmar que se direciona dinheiro da cultura para outros setores como educação e saúde, como se esses estivessem sendo beneficiados. :|
- heliogc40@...10/12/2009 @ 15h02
- Gostaria de saber quanto o governo do estado gastou com a parceria do carnatal,sim,porque o que vimos pela imprensa foi que estavam de maos dadas, e a senhora governadora pelo que vi na tv,nâo perdeu um só dia,nada contra ela se divertir,é um direito de todos,e agora lendo essa noticia,fico triste,pois á anos que eu e minha familia assistimos esse espetaculo,torço que mudem de ideia e volte a ser apresentado ainda esse ano,depois nâo venham falar de cima dos palanques que cultura é prioridade nesse governo,pelo que conheço do senhor presidente da fja,dar essa noticia deve ter sido muito dificio,pois sei que o mesmo transpira cultura,sê falta o pâo na mesa,pelo menos nâo deixe faltar o circo.
- hyou2@...11/12/2009 @ 02h02
- Isso tudo é reflexo da falta de conhecimento dos nosso governantes, Cultura é Educação, se é desviada a verba da Cultura para cobrir a de outras áreas, como foi sitado na matéria, foi desviada da Educação. Educação, como querer educação de uma raça de pessoas que não se importam com o seu bolso. Alegam falta de verba, né, Carnatal, Os Artistas Globais quem irão vir para levar gente para ver os outros Autos, O Desfile natalino (que vai ter pela 1ª vez), foram as festas de Fin de Ano, enfim fiquemos de olho!A tribuna do norte é uma das grandes testemunhas de quanto a ARTE POTIGUAR vem agonizando em 2009 Feliz Natal e sobrevivam para o próximo ano
- keli_sexylove@...10/12/2009 @ 19h03
- Acho que não é bem a Fundação que deve ser punida com a falta de respeito aos dançarinos,ao autor do texto,ao grande João Marcelino,mais sim a Prefeita Micarla que com seus administradores não estão sabendo construir uma cidade como deveria.
- andre_trindad1@...10/12/2009 @ 18h14
- Gastaram o dinheiro todo na parceria com o Carnatal.Ou pior, meteram mesmo a mão na grana, garantindo o revellon em Paris de muitoa gente.
- otavio39_filho@...10/12/2009 @ 17h40
- É lamentável o cancelamento de um espetáculo desse. O Geoverno tem idéia do que é isso. Por isso não temos memória cultural nenhum, não é dado o devido valor. Viva os estados, como é o caso de Pernambuco, onde acontece de tudo com relação a cultura local e geral. Parabéns ao Governo e fundação por mais uma frustação. E não esquecem 2010 é período de eleição!!!
- carlinhos_6209@...10/12/2009 @ 16h55
- Lamentável, desrespeito, vergonha e falta de consideração, essas são palavras para tal atitude do governo do estado. Sra Governadora, um espetáculo teatral não pode ser considerado como uma obra inacabada, que se inicia, se ergue, mas no meio da construção, para, alegando falta de verba. Admirava muito seu trabalho Governadora, mas diante dessas atitudes (Divisão do ICMS e Cancelamento do Auto de Natal), não posso mais admirar tal administração que despreza nossa capital, cortando o pouco que temos. Vamos deixar as brigas com nossa prefeita de lado e pensar mais no cidadão natalense.
- socorrofh@...10/12/2009 @ 16h19
- LAMENTO ISSO O Q ESTA ACONTECENDO, COMO PODE ACONTECER?? NÃO EXISTE DESCULPA.....ACREDITO Q TODOS NÓS PERDEMOS COM ESSA ATITUDE?? O PODER PUBLICO Q NÃO INVESTE NA CULTURA?? VEJA A NOSSA VIZINHA MOSSORÓ..... EXEMPLO.... POBREZA DEMAISSSSSS FaLTA DE COMPROMISSO.. KEDê as verbas?? estão aonde?????????????????????????????????????????
- Fonte: TRIBUNA DO NORTE
terça-feira, 8 de dezembro de 2009
A Festa do Menino Deus foi cancelada
Brigar contra Twitter é phoda. Aliás, trabalhar em jornal impresso, escrever em blog e acompanhar Twitter dá uma angústia danada. Se sabe da notícia e tenta guardar até o outro dia a espera que não vaze pelos blogs e microblogs da vida.
Soube desde cedo do cancelamento do auto A Festa do Menino Deus, promovido pelo Governo do Estado. Mas vazou hoje no Twitter. Tentei dar o furo durante a semana. Liguei para todas as entidades envolvidas. Ninguém confirmou ou atendeu o contato. Escrevi isso em minha coluna no Diário de Natal, domingo.
Hoje, fui por conta própria e na surdina até o Ginásio do Atheneu, onde ocorriam os ensaios diários para o espetáculo. Sabia que João Marcelino, diretor do auto, evitava falar do cancelamento. Fui tentar pessoalmente. Joao é um gentleman. Prefere não se envolver no que chama assuntos político-financeiros.
Colhi as informações gerais do auto. O investimento do Governo é de R$ 500 mil. Era, aliás. São mais de 150 bailarinos, atores e membros de quadrilhas estilizadas no elenco. Os figurinos estão todos prontos. O espetáculo já foi praticamente concluído em cerca de um mês de ensaio e seis meses de trabalho ininterrupto.
Quando eu estava de saída, o diretor geral da Fundação José Gugu, Crispiniano Neto chegou para dar uma satisfação à galera. O resumo é simples: faltou grana. Disse que não iria se comprometer para depois se endividar, como fez com o Seis & Meia.
Antes, conversei também com algumas bailarinas. Cheguei lá por volta das 19h e nenhuma sabia da notícia. Todas esperavam mais um dia de ensaio. A reclamação foi geral. Muitas faltaram faculdade durante o período. Outras deixaram de dar aula. E todas investiram no projeto, seja com gastos de transporte e tempo, seja pela opção em detrimento dos outros dois autos que serão promovidos em Natal até o fim do ano.
Muitos podem questionar o cancelamento como mais um desrespeito. Eu corroboro. Muito mais pelo descaso com os artistas. Alguns do quilate de João Marcelino, Racine Santos, Ivonete Albano e Wanie Rose. Uma verdadeira seleção entre nossos talentos. Mais ainda pelo trabalho dispensado.
Por outro lado, vejamos: ninguém esperava a crise financeira internacional. Essa desculpa não é balela, embora costumeira. Outro imprevisto: a parceria repentina com a prefeitura, onde o Governo investiu R$ 2 milhões no Natal em Natal - a mesma quantidade do executivo municipal. Além de patrocinar o Presente de Natal, dirigido por Diana Fontes - um dos dois autos natalinos da cidade.
Ou seja: prever todos esses acontecimentos é exercício visionário. A irresponsabilidade, ao meu ver, é tirar dinheiro da cultura para financiar clubes de futebol ou bandas chinfrins em solenidades festivas. Crispiniano afirmou que indenizará todos os participantes e tentará aproveitá-los em outros eventos promovidos pela FJG. É o mínimo.
Fonte: Soube desde cedo do cancelamento do auto A Festa do Menino Deus, promovido pelo Governo do Estado. Mas vazou hoje no Twitter. Tentei dar o furo durante a semana. Liguei para todas as entidades envolvidas. Ninguém confirmou ou atendeu o contato. Escrevi isso em minha coluna no Diário de Natal, domingo.
Hoje, fui por conta própria e na surdina até o Ginásio do Atheneu, onde ocorriam os ensaios diários para o espetáculo. Sabia que João Marcelino, diretor do auto, evitava falar do cancelamento. Fui tentar pessoalmente. Joao é um gentleman. Prefere não se envolver no que chama assuntos político-financeiros.
Colhi as informações gerais do auto. O investimento do Governo é de R$ 500 mil. Era, aliás. São mais de 150 bailarinos, atores e membros de quadrilhas estilizadas no elenco. Os figurinos estão todos prontos. O espetáculo já foi praticamente concluído em cerca de um mês de ensaio e seis meses de trabalho ininterrupto.
Quando eu estava de saída, o diretor geral da Fundação José Gugu, Crispiniano Neto chegou para dar uma satisfação à galera. O resumo é simples: faltou grana. Disse que não iria se comprometer para depois se endividar, como fez com o Seis & Meia.
Antes, conversei também com algumas bailarinas. Cheguei lá por volta das 19h e nenhuma sabia da notícia. Todas esperavam mais um dia de ensaio. A reclamação foi geral. Muitas faltaram faculdade durante o período. Outras deixaram de dar aula. E todas investiram no projeto, seja com gastos de transporte e tempo, seja pela opção em detrimento dos outros dois autos que serão promovidos em Natal até o fim do ano.
Muitos podem questionar o cancelamento como mais um desrespeito. Eu corroboro. Muito mais pelo descaso com os artistas. Alguns do quilate de João Marcelino, Racine Santos, Ivonete Albano e Wanie Rose. Uma verdadeira seleção entre nossos talentos. Mais ainda pelo trabalho dispensado.
Por outro lado, vejamos: ninguém esperava a crise financeira internacional. Essa desculpa não é balela, embora costumeira. Outro imprevisto: a parceria repentina com a prefeitura, onde o Governo investiu R$ 2 milhões no Natal em Natal - a mesma quantidade do executivo municipal. Além de patrocinar o Presente de Natal, dirigido por Diana Fontes - um dos dois autos natalinos da cidade.
Ou seja: prever todos esses acontecimentos é exercício visionário. A irresponsabilidade, ao meu ver, é tirar dinheiro da cultura para financiar clubes de futebol ou bandas chinfrins em solenidades festivas. Crispiniano afirmou que indenizará todos os participantes e tentará aproveitá-los em outros eventos promovidos pela FJG. É o mínimo.
Artistas indignados com fim da “Festa do Menino Deus”
Publicado no Dia 11/12/2009
Sérgio HenriqueKatarina das Vitórias
Artistas foram a Governadoria criticar a falta de compromisso da administração pública com a culturaO Governo do Estado, através da Fundação José Augusto (FJA) investiria R$ 500 mil no espetáculo marcado para acontecer entre os dias 26 e 30 de dezembro. A data havia sido escolhida de forma que não coincidisse com outras peças natalinas encenadas na capital (Auto do Natal e Presente de Natal). Os artistas ficaram indignados com o cancelamento do espetáculo.
"A produção se empenhou bastante, nos sentimos desrespeitados com o cancelamento do evento", disse a bailarina Caroline Reis, uma das artistas prejudicadas. "Tenho pena do nosso dramaturgo, Racine Santos, que estava dando nova roupagem ao texto, e do diretor, João Marcelino, que ficou arrasado com o cancelamento".
"Terra de coronéis"
Cada ator receberia pelo trabalho uma média de três mil reais. Hoje eles explicam que há uma promessa de indenização, mas não sabem se o reembolso vai acontecer. "Não tínhamos contrato assinado, o espetáculo era feito através da parceria que sempre fazíamos com a Fundação José Augusto, um acordo verbal", explica o ator Ênio Cavalcante.
"A Festa do Menino Deus já faz parte da programação cultural em Natal, sendo realizada há 14 anos. Eu participei nos últimos três anos. A força de vontade e empenho dos artistas, baseada em uma relação de confiança,era o que permitia a realização da peça. "A confiança acabou e a sensação que temos é de que vivemos em uma terra de coronéis, que fazem o que bem entendem.
Infelizmente neste Estado a cultura é relegada a segundo plano. Não temos fomento à manutenção dos grupos, às pesquisas e estudos. Muito menos à formação de atores e incentivo à montagem de espetáculos. Às vezes precisamos tirar dinheiro do próprio bolso por amor à arte", disse o ator.
No final da manhã de hoje os artistas fizeram uma manifestação em frente a Governadoria,solicitando uma audiência com Wilma de Faria. Frases como “Falta de respeito!” e “Queremos entrar, queremos ser ouvidos”eram ditas aos gritos. Durante assinatura da ordem de serviços da Cidade da Criança, a governadora prometeu: “A Festa do Menino Deus vai ser realizada. Já mandei minha assessoria conversar com os artistas”.
Fonte: CORREIO DA TARDE
Após pressão, 'Festa do Menino Jesus' será realizada
O auto havia sido cancelado pelo governo do Estado na última terça-feira, mas será encenado entre os dias 26 e 29.
Após muita pressão sobre o Governo do Estado, atores do auto de natal “Festa do menino Deus”, conseguiram a manutenção da encenação, que será realizada no largo Dom Bosco, na Ribeira. A informação partiu do diretor geral e coordenador do evento, João Marcelino.
Os ensaios que aconteciam no Colégio Atheneu foram suspensos na última terça-feira (8), pelo Governo do Estado, sob a alegação de falta de verba. O total do investimento previsto era de R$ 500 mil.
A situação gerou mal-estar entre os mais de 150 artistas, coreógrafos, músicos, diretores, dramaturgos, entre outros envolvidos, que ajustavam os detalhes finais para a encenação. No entanto, a data prevista entre os dias 26 e 29 de dezembro foi mantida.
João Marcelino, explicou que após um encontro entre a governadora Wilma de Faria e os artistas na sexta-feira (11), a peça voltou a entrar no orçamento, contudo com o valor reduzido. O coordenador explicou a importância da manutenção da apresentação.
“A peça é genuinamente potiguar. Todo o processo foi pensado, idealizado e realizado por pessoas da terra, por pratas da casa.Temos que valorizar o que é nosso e exibir mais o que nós fazemos e não só prestigiar as produções que vêm de fora”, pediu.
Sobre a parte financeira, Marcelino preferiu não comentar, dizendo que se atem aos “detalhes artísticos da peça”. “Nós tivemos o orçamento reduzido, mas o que está feito será encenado. Vamos fazer o que podemos com a verba garantida”, disse ele sem comentar o valor.
O Nominuto.com tentou contato com o presidente da Fundação José Augusto, Crispiniano Neto, para comentar o assunto, mas ele não foi encontrado.
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